O Inverno Demográfico

Aug 1, 2020
Crónicas

Aquilo que faz um país nada mais é do que o seu povo. A verdadeira essência de uma Nação é o seu património genético, isto é, as suas pessoas. A cultura, as tradições, a religião são, sem dúvida, importantes fatores na constituição de uma identidade nacional, mas o nosso maior “ativo” é o nosso património biológico, pois um país não existe sem as pessoas que o constituem.

Infelizmente, na Europa em geral e em Portugal em particular, as populações nativas estão em risco de extinção fruto da baixa natalidade e do fenómeno das migrações. Estamos a viver um autêntico inverno demográfico que pode colocar em risco a existência dos portugueses enquanto povo. Vamos aos números.  

Portugal regista uma das taxas de natalidade mais baixas da Europa com apenas 8,4 nascimentos por mil habitantes e o número de nascimentos por mulher é apenas de 1,36, um número baixíssimo muito longe dos 2,1 necessários para assegurar a substituição geracional. Com valores assim, não admira que em 2018 se tenham registado mais mortes que nascimentos (87 mil nascimentos contra 113 mil mortes). Ou seja, em 2018 tivemos um crescimento populacional negativo, algo que é incrivelmente preocupante. É certo que neste ano de 2019 a população residente em Portugal aumentou, mas isso não se deveu a um maior número de nascimentos, mas sim à grande entrada de imigrantes, o que significa que nem mesmo nesse ano a população portuguesa (nativa) não aumentou, provavelmente até diminuiu.  
Estes números são preocupantes e não há maneira de os contornarmos. A crise que Portugal e a Europa atravessam no momento é mais estrutural e calamitosa do que qualquer crise económica passada ou futura, pois não só põe em causa os nossos bolsos como a nossa própria sobrevivência. Se a situação não se alterar drasticamente só existirá um futuro possível - o desaparecimento populacional

O número de filhos por mulher necessário para assegurar o crescimento da população é de 2,1 – Portugal regista 1,36. A este ritmo a população portuguesa poderá cair para 5 milhões, ou seja, metade do seu valor atual, em apenas 80 anos. Pior que isso, boa parte destes futuros 5 milhões seriam idosos que já não fariam parte da população ativa e, portanto, já nada contribuiriam para a sociedade. Se nos dias de hoje a população acima dos 65 anos representa mais de um quinto da população total imagine-se em 2100. Os efeitos sociais e económicos de tal acontecimento seriam desastrosos. A falta de mão-de-obra seria gritante e com isso toda a atividade económica descambaria. Os empregadores que conseguissem contratar alguém teriam de fazer a um custo exorbitante, o que levaria a um grande aumento de preços e consequente inflação. Mais grave que tudo isto só mesmo o colapso do sistema de pensões (e de toda a Segurança Social). Atualmente, este problema já começa a surgir. A população de Portugal está extremamente envelhecida e as contribuições já não conseguem pagar todas as reformas. Nós jovens já só teremos reformas por um milagre, quanto mais os nossos filhos e netos. Este é um cenário muito triste, pois representa o definhar de uma Nação, que vai mirrando aos poucos e colapsando sobre si própria.

Se queremos superar a nossa crise demográfica não há muito mais a fazer do que começar a ter mais filhos. Vários países europeus já começaram a implementar políticas natalistas com um sucesso bastante razoável. Os nossos irmãos do Leste já perceberam que a solução para a crise demográfica não passa por mais imigração (como muito se apregoa por cá), mas sim por um aumento da taxa de natalidade da população.  Várias medidas podiam ser aplicadas no sentido de incentivar a população a ter mais filhos. Mas aquela que sem dúvida teria mais impacto seria permitir que as mães pudessem ficar em casa a cuidar dos filhos. A entrada da mulher no mercado de trabalho, ainda que trazendo alguns benefícios, levou a uma grande queda da natalidade. Quando ambos os membros do casal trabalham fica exponencialmente mais difícil ter filhos, não só por não haver quem cuide deles, como também porque o foco da relação passa a ser as conquistas pessoais e profissionais de cada um e não a procriação e a vida em família. A criação de um subsídio (ou até mesmo um RBI) que permitisse a um dos progenitores trabalhar como “dona(o) de casa” certamente aumentaria o desejo e a possibilidade dos casais terem filhos.

A reprodução é um dos nossos instintos biológicos primários, mas mesmo assim muitos homens e mulheres rejeitam a parentalidade, por motivos egoístas e fúteis. Ter filhos, mais do que uma alegria nas nossas vidas é também o nosso dever enquanto cidadãos conscientes do seu papel, pois é desse modo que perpetuamos a espécie, a raça e a família. Ter (muitos) filhos é a nossa única salvação, só assim conseguimos garantir a sobrevivência do nosso povo.

Imagem: Impala

Tomás Manita

Estudante da licenciatura de gestão de recursos humanos do ISCTE-IUL. Membro fundador do Falatório.

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